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24 de Novembro – Carménère Day

A data foi escolhida para homenageá-la em 2014, quando se completaram 20 anos do seu ressurgimento. A comemoração é organizada pela Wines Of Chile, uma associação privada sem fins lucrativos que representa os produtores de vinhos do país

24 de Novembro – Carménère Day

Variedade de características intrigantes, ela tem o seu berço na região francesa de Bordeaux. Foi lá que, durante o século 19, por volta de 1850, ela sofreu com o devastador ataque da Filoxera vastatrix, um inseto que se nutre da seiva das videiras através de suas raízes, tendo desaparecido dos campos de cultivo, supostamente extinta pela praga, que atacou vinhas em quase todo o mundo, extinguiu variedades e devastou enormes extensões de cultivo em vários países, causando prejuízos inestimáveis.

Mas o que se passou com essa espécie foi uma troca de identidade. Confundida com a Merlot, ela foi levada ao Chile como tal, numa tentativa de livrá-la da doença e, assim, permaneceu “camuflada” por longos anos. Foi somente em 1994 que o ampelógrafo francês Jean-Michel Boursiquot identificou que algumas plantações chilenas, que anteriormente se acreditava serem de Merlot eram, na verdade, da supostamente extinta uva Carménère.

Atualmente, a Carménère é uma espécie considerada chilena, pois seu cultivo entrou em acentuado declínio fora de seu país de origem. Seus vinhos varietais tem, como principais características os aromas e sabores frutados e a baixa acidez. Quando colhida madura, remete a frutos escuros como amoras e ameixa e, eventualmente, notas sutis de pimenta negra. Seus taninos são aparentes, mas não ásperos. Se for colhida antes da maturação, pode apresentar uma marcante nota herbácea e também uma indesejada predominância da substância pirazina, responsável pela nota de pimentão, tão característica em tintos elaborados com as uvas Carménère e também Cabernet Sauvignon no Chile, notadamente no Vale del Maipo. Noutra mão, colhida muito madura, tem a sua acidez prejudicada. Em francês, seu nome significa “carmin”, uma referência direta à coloração vermelho intenso de sua casca.

Apesar da origem francesa, essa variedade encontrou no Chile as condições ideais para seu correto cultivo e bom desenvolvimento. É uma uva exigente e de maturação tardia. De modo geral, bons vinhos de Carménère são elegantes, com boa estrutura e sabores aveludados. Amadurecidos, podem apresentar notas de tabaco, chocolate e baunilha.

Há, entre a Carménère e a Merlot, uma certa semelhança de características, o que ajudou a prolongar a confusão. A Carménère, mais robusta, amadurece entre duas e três semanas mais tarde que a Merlot. E esse fato foi uma das pistas que levaram a sua correta identificação.


A confusão entre essas uvas já causou transtornos a viticultura chilena, pois até 1994, época da descoberta, ela seguia sendo cultivada e tratada como Merlot – a ponto de ser nomeada de Chilean Merlot, e seus vinhos eram constantemente prejudicados pela abordagem equivocada. Após o esclarecimento, seu cultivo e produção foram ajustados e ela passou por um grande incremento de qualidade.

A sobrevivência da variedade se deu principalmente em função do isolamento geográfico dos vinhedos chilenos, protegidos à oeste pelo Oceano Pacífico, à leste pela gigantesca Cordilheira dos Andes, ao norte pelo Deserto do Atacama e, ao sul, pela região dos grandes lagos e amplas áreas semi-desérticas e desabitadas. Livres da praga e num ambiente de baixa poluição, a uva floresceu e começou a demonstrar suas potencialidades. Atualmente, ela é cultivada na China, nos EUA em pequenas parcelas na ensolarada Califórnia e Itália, também em pequenas quantidades. Na China, recebe o nome peculiar de Cabernet Gernischt. Mas em nenhum lugar do mundo – nem mesmo em sua região de origem, a Carménère apresenta desempenho tão exuberante como no Chile, onde se tornou a uva símbolo da viticultura do país.

Curiosidade: a prestigiada vinícola chilena De Martino foi a primeira a exportar um vinho 100% Carménère.

Seleção de Carménères


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