Três perguntas

Thiago Mendes

A Wine Not? fez Três Perguntas à Thiago Mendes, fundador e diretor da Eno Cultura, uma das mais respeitadas escolas de vinhos da atualidade no Brasil, com cursos e programas de formação para profissionais do segmento e também para amantes do vinho
fotos: Thomas Baccaro

Thiago Mendes

Thiago viveu em Londres por 10 anos, onde iniciou sua carreira no universo do vinho. Em 2007, tornou-se embaixador para o Brasil e o México do concurso International Wine Challenge. Em 2012, recebeu o DipWSET e, atualmente, estuda para se tornar Master of Wine.

Como um sommelier bem-preparado e detentor de uma vasta gama de conhecimentos pode auxiliar os consumidores novatos a se aproximar do vinho, sem ser prolixo ou enciclopédico?
O profissional do vinho é, acima de tudo, um prestador de serviço que deve ter como foco central ajudar o consumidor na busca pela melhor opção de vinho dentro do estilo e faixa de preço desejado. Nesse sentido, é importante questionar o consumidor qual é o estilo de vinho que mais lhe agrada ou que geralmente consome, pois essa simples pergunta abre portas para opções.

Consumidores menos experientes necessitam de um pouco mais de segurança e atenção no processo de escolha, uma vez que o medo de errar no ato da compra é um dos principais fatores para a desistência.

O sommelier deve propor vinhos de estrutura simples e de fácil entendimento. No caso de espumantes, o método Charmat (processo de produção de espumantes mais simples e de valor mais combativo) costuma ser eficaz. O profissional deve também dar preferência aos nacionais, que são aromáticos e têm acidez moderada.

No caso dos vinhos brancos, ele deve dar preferência à vinhos mais jovens, leves e frutados, com acidez refrescante, sem passagem por barrica e com um pouquinho de açúcar residual. Tais características podem tornar a experiência mais significativa.

Ele deve ser cuidadoso ao recomendar vinhos tintos. Embora os tintos sejam a preferência da maioria dos consumidores, é preciso evitar sugerir vinhos com muito tanino, com teor alcoólico alto e com influência de passagem em carvalho muito presente, características que podem tornar o vinho pesado ou cansativo e, as vezes, até amargo. O bom profissional, diante de consumidores iniciantes, deve buscar vinhos com baixa percepção tânica, álcool e corpo moderados, abundância de sabores frutados e acidez refrescante.


Como você vê o mercado de vinhos no Brasil nesse momento? Em sua opinião, o que há de positivo e onde precisamos mais avançar?
O mercado Brasileiro é dinâmico, novas iniciativas surgem constantemente, embora ainda seja tudo muito concentrado no eixo Rio-São Paulo. Consumidores entusiastas podem encontrar uma ampla oferta de vinhos proveniente de distintos países, uvas raras, micro lotes em todas as faixas de preço, o que é muito positivo. Para o crescimento do consumo, as iniciativas precisam avançar para outras regiões do país. Também é importante o reconhecimento dos profissionais que atuam fora desse eixo, para que possam ajudar na criação da cultura local de vinho, além da inclusão nas premiações por parte do mercado nacional. 

Quais são os principais interessados nos cursos da Eno Cultura? Profissionais do vinho buscando aprimoramento ou bebedores que desejam se aprofundar no assunto?
A Eno Cultura oferece uma vasta oferta de cursos de vinhos em diferentes formatos, além de degustações, workshops e eventos voltados para profissionais e consumidores entusiastas. Atualmente os cursos estão disponíveis em 18 estados brasileiros. Nesses dez anos de atuação, percebemos a presença dominante de consumidores ávidos por informação sobre vinhos, principalmente nos cursos de níveis introdutório e intermediário. Já nos avançados há uma presença maior de profissionais do vinho buscando aprimoramento e profissionais de outros mercados se preparando para uma transição de carreira. Os workshops e degustações são os favoritos entre os consumidores que buscam experiencias significativas.

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