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26 de Outubro, dia da Carignan – uma uva, muitos nomes

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26 de Outubro, dia da Carignan – uma uva, muitos nomes

Há, ainda, muitos outros nomes. Seu nome deve-se à cidade de Cariñena, situada na província espanhola de Zaragosa, um das regiões onde essa uva era mais cultivada durante a Idade Média.

Originária, a princípio, de uma região mediterrânea ainda não exatamente determinada da Espanha, é uma variedade de ascendentes desconhecidos. No entanto, alguns pesquisadores acreditam que ela possa ter sido levada à Europa pelas mãos dos Fenícios, que habitaram a região na Idade Antiga.

O fato é que, a partir do século 14, passou a se espalhar entre o leste da Espanha, sul da França, a ilha italiana da Sardenha e partes do tórrido norte da África. Os produtores a cultivavam para utilizá-la quase exclusivamente em cortes (blends), pois acrescentava cor, corpo e taninos a vinhos mais leves. São muitas as suas variações genéticas e ela é conhecida por nada menos de 66 nomes. Há mutações blanc e gris, mas é a versão tinta que se espalhou pelo mundo.


Sua expansão se deu no período pós filoxera. A Carignan desempenhou um papel importante na recuperação de vinhedos na França, por sua grande adaptabilidade à solos secos. Na mesma época ela também foi trazida ao Novo Mundo, onde se adaptou muito bem nos Estados Unidos, no Chile e na Argentina, onde sua produção é crescente e expressiva. No fim dos anos 1980 ela se tornou a uva mais plantada da França e, em 2010, passou a ocupar a posição de 13ª variedade mais cultivada do mundo, segundo a American Association of Wine Economists.

Uma de suas características mais desprezadas foi justamente a que mais contribuiu para sua difusão pelo mundo: sua notável produtividade – especialmente nas regiões do Languedoc e Roussillon, que durante muito tempo produziram enormes volumes de vinhos baratos e sustentaram o alto consumo na França até o período da Segunda Guerra Mundial.

No Chile, a Carignan enfrentou problemas. Suas videiras foram atacadas por fungos e sua alta produtividade – característica pela qual muitos produtores se interessavam, caiu drasticamente. Muitos vinhedos foram abandonados e permaneceram assim por longos anos. E, assim, essa variedade teve seu brilho diminuído e permaneceu na sombra por décadas.


Há cerca de 20 anos, ela voltou a brilhar, principalmente pelas mãos de produtores do Valle de Maule, que perceberam que ela continuava produzindo bem, mesmo submetida à condições de penúria hídrica. Eles também observaram que as videiras que melhor produziam tinham mais de 50 anos.

Em tempos mais recentes, é da França, da Espanha, dos Estados Unidos e do Chile que saem seus vinhos mais elegantes e delicados. Seus cachos são volumosos e compactos, o que a faz propensa ao ataque de fungos como o oídio. Seu ciclo de maturação é longo, prefere solos pobres e rochosos e se adapta melhor em regiões de baixa pluviometria. Nestas condições, sob manejo focado em produtividade reduzida, a qualidade dos frutos é significativamente melhor e obtém-se mais concentração de sabor.  Vinhas mais antigas dessa variedade costumam produzir frutos de melhor qualidade.


É uma uva conhecida pela abundância de taninos, boa acidez e ótima pigmentação, sendo muito empregada principalmente em cortes com a uva Grenache. Seus aromas tendem a frutos negros, violeta e notas florais. No paladar, seus vinhos são comumente encorpados, com acidez marcante e ótimo potencial para o envelhecimento. Na mão de bons enólogos, deixa de ser apenas uma coadjuvante para cortes e resulta em varietais (elaborados com uma só uva) de ótima expressão.

LES JAMELLES CARIGNAN PAYS D’OC 2020

DE MARTINO OLD VINE VIGNO CARIGNAN 2016


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