O crescimento das atividades no turismo tem sido intenso, bem como o interesse em entender o perfil deste “novo” turista e suas demandas. O “rosto” do turista está se modificando. Vamos analisar da perspectiva do turista Italiano incialmente.

Durante e após a pandemia, o próprio Italiano se interessou mais em explorar o turismo na sua própria nação. Na verdade, isso aconteceu em muitos países onde os povos foram impedidos de viajar ao exterior e se voltaram para as belezas de sua própria terra. Até a pandemia, turistas que visitavam vinícolas tinham normalmente mais de 40 anos. Isso mudou e hoje a média de idade baixou.

Passar o tempo visitando e degustando vinhos nas vinícolas vem se tornando um modo alternativo de convívio social, uma forma de viajar com um objetivo conjunto. Eu, que sou curadora de viagens e eventos aqui na Itália, noto que esta tendência é bastante clara e inclui o turista brasileiro. Se antes meu trabalho era procurado majoritariamente por casais, agora eu organizo muitas viagens eno gastronômicas para pequenos grupos de amigos. As regiões mais procuradas continuam sendo o Piemonte, a Toscana e a Puglia.

Para o público mais jovem “under 40”, a comunicação e divulgação do enoturismo através das redes sociais despertou seu interesse na cultura enológica e os colocou como protagonistas do mundo do turismo do vinho nos próximos anos. E também no Brasil isso vem acontecendo de forma recorrente.

O enoturista gosta de reservar sua visita e degustação com antecedência, investiga as opções nos sites das vinícolas mas, sobretudo, continua se sentindo mais seguro com a orientação de curador de viagens. É menos comum que estes turistas apareçam nas vinícolas sem reserva prévia, o que de certa forma significa um bem vindo amadurecimento.

Para o enoturista brasileiro viajando para a Itália, a facilidade de contar com um serviço de curadoria de viagens é vital na escolha da vinícola que tenha o melhor atendimento, localização e seleção de rótulos. Mas nem sempre os sites das vinícolas são muito eficazes nesta comunicação ou aceitam visitas.

O público under 40 também vive a experiência enoturista como uma oportunidade de estar próximo da natureza e de cenários rurais, e não economiza quando se trata de postar as experiências em suas redes sociais.

O turista mais clássico e experiente no vinho, por sua vez, prefere a visita apenas para degustar as safras mais recdentes e fazer suas compras no wineshop da vinícola, sem o tradicional percurso através das instalações e vinhedos, opção que os mais jovens adoram com frequência.

Mas as opções disponíveis aos amantes do vinho não se limitam ao percurso tradicional de visita e degustação. As vinícolas vem inovando suas ofertas com propostas mais criativas e completas, envolvendo visita e degustação durante o almoço, piqueniques nem meio aos vinhedos, trajetos em veículos 4×4 e por aí vai. Tudo para atrair qualquer faixa etária interessada no turismo enológico. A noção de exclusividade conta muito na escolha do visitante.

Segundo dados estatísticos, em 2023 a Itália receberá  algo como 10 milhões de visitantes graças ao vinho, sendo 3 milhões de estrangeiros. Os principais turistas europeus chegam da França, Alemanha, Reino Unidoe, Áustria. Os estrangeiros de fora da Europa vêm, em sua maioria, dos Estados Unidos e do Japão.

E os brasileiros? Sim, a tendência de crescimento é visível, bem como um interesse em planejar a viagem com antecedência. Não dispomos ainda de dados estatísticos oficiais, mas o reflexo é nítido através da procura já desde este inverno.

Planeje sua viagem… e cheers!

Patricia Kozmann
Curadora de eventos e viagens, vive na Itália há 11 anos, onde ampliou sua ampla experiência internacional no mundo do vinho, bem como no turismo de luxo na Itália, Sul da França e Marrocos.
www.kozmann.com