Quando criança, meu pai de origem portuguesa/italiana nos dava, a mim e ao meu irmão, gemada com vinho do porto no café da manhã. Uma gema de ovo batida com açúcar, leite quentinho e um cálice de “Adriano Ramos Pinto” naqueles idos de 1974 (eu com ainda 13 anos) . “Isso faz bem pro sangue e te dá disposição pra começar bem o dia!” dizia o velho (repetindo as palavras que seu pai falava pra ele e que seu avô falava pro pai dele…).

Naquela época era tudo intuitivo, não havia a enorme quantidade de estudos que temos hoje falando sobre benefícios e malefícios do vinho. Na realidade, prefiro usar os termos benefícios do vinho e malefícios do álcool. Felizmente, o vinho não é das bebidas mais concentradas em álcool, o que faz dela, quando ingerida com moderação, um “santo remédio”. Podemos encontrar vinhos com concentrações de menos de 10% até pouco mais de 20% de álcool, muito longe dos quase 50% de alguns destilados. Dentre os mais de 1000 compostos encontrados numa taça de vinho, várias substâncias antioxidantes agem beneficamente para a saúde cardiovascular, a textura da pele, a memória etc.

Mas como médicos, infelizmente não podemos receitar uma taça de vinho às refeições para nossos pacientes (apenas cochichando ao ouvido) principalmente porque também conhecemos bem o outro lado da moeda. O álcool, em pequenas doses é relaxante e desinibe, mas em exagero, vicia, pode causar cirrose hepática, câncer do sistema digestivo, problemas cardiovasculares como arritmias cardíacas, além dos graves problemas sociais e familiares.

Por isso, quando nos perguntam se o vinho faz bem a saúde, depende é a melhor resposta. Se você está disposto a conhecer o maravilhoso mundo do vinho de forma moderada e responsável você poderá gozar de todas as qualidades dessa bebida deliciosa e ancestral.